O eosinófilo é um granulócito da linhagem celular mielóide. Tem núcleo bilobado e grânulos birrefringentes brilhantes contendo proteínas carregadas cationicamente, que têm alta afinidade pela eosina. Constitui cerca de 2% a 4% dos granulócitos do sangue periférico. Sua formação leva cerca de oito dias na medula óssea, quando é transportado para circulação sangüínea, tendo meia-vida circulante de 8 a 12 horas. Posteriormente, migra para os tecidos, principalmente tratogastrointestinal (TGI), timo, órgãos hematopoiéticos e glândulas mamárias. Nos tecidos em atividade por cerca de uma semana, quando entra em processo de apoptose e são eliminados pelos macrófagos.
A associação entre eosinófilo e doenças alérgicas é conhecida a muito tempo, porém até 1980 acreditava-se que estas células tivessem ação antiinflamatória. Esse conceito mudou após a verificação da alta toxicidade das proteinas contidas nos grânulos dos eosinófilos. Na atualidade os eosinófilos são considerados células pró-inflamatórias que aparecem nas manifestações das doenças alérgicas.
O eosinófilo é capaz de sintetizar mais de 28 substâncias, cujo mRNA e proteínas, já foram totalmente identicados, como as interleucinas, as quimiocinas e fatores de crescimento, que modulam a resposta imune. Estas substâncias são estocadas em pequenas vesículas secretórias, sob a forma de grânulos cristalóides, que são rapidamente liberadas no meio circundante após serem recrutados e estimulados.
Pacientes com doenças que cursam com eosinofilia possuem duas populações de eosinófilos no sangue peiférico que podem ser distinguidas de acordo com a sua densidade em “normodensos” e “hipodensos”. Em pessoas normais 90% dos eosinófilos são do tipo normodensos, ao passo que, nas síndromes eosinofílicas a porcentagem de eosinófilos hipodensos chega à 90%.
O avanço nos conhecimentos da estrutura celular e da biologia molecular do eosinófilo começa a elucidar as várias vias da sinalização transmembrana que transmitem informações de fora para o interior da célula através da interação agonista-receptor, ativando a resposta do eosinófilo e sua participação funcional na inflamação regulada pelos seus múltiplos mediadores liberados no próprio local da reação inflamatória.
Patogênese – A partir de um estímulo antigênico respiratório ou gastrointestinal ocorre síntese, adesão e diapedese de eosinófilos. Uma cascata de eventos resulta na ativação de células Th2, com liberação de várias citocinas (incluindo interleucinas IL1, IL3, IL4, IL5, IL13) e mediadores inflamatórios, como leucotrienos, fator de ativação plaquetária, eotaxinas, substância P e polipeptídeo intestinal vasoativo.
O papel central no recrutamento antígeno-mediado de eosinófilos cabe ao fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa), às leucotaxinas e à interleucina-5. Eles agem induzindo crescimento, diferenciação e ativação do eosinófilo em nível medular, levando a uma eosinofilia periférica, com posterior migração do eosinófilo para os tecidos, causando infiltrado inflamatório e edema, podendo levar a uma fibrose e subseqüente alteração da arquitetura do órgão.
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